sábado, 22 de setembro de 2012

alguns vilancetes

a este mote meu:
Bardo. Vives pesando argumentos;
concluíste na balança
que "enquanto há vida, há 'sperança"?

VOLTA
Têmis. Este verso tem a estima
de que esperança é ter vida:
que será dela partida,
se a vida assim se não rima?
Pois a esperança é que anima:
sem ela não há mudança;
logo, se há vida, há esp’rança!




a este mote meu:
No desconcerto do mundo
resta ainda uma esperança
que não é a temperança

VOLTAS
Perdi a minha certeza
por conselho da Mentira
que, tirando a minha lira,
perdia o mundo a beleza.
Amor só traz mais tristeza...
E assim, cantando a mudança,
mo fugia a Temperança.

Foi-A entregue a minha sorte,
para todo o meu espanto,
pois de tom mudava o canto
sem que a Virtude conforte.
Vem a Esperança co a Morte;
desce ao mundo uma esperança:
Têmis, vinga a Temperança!



a este mote meu:
Foi a Pureza sumida
por desejo da maldade,
que já não tem mais Idade...

VOLTAS
Da Terra foste apartada
Tu, última deusa perfeita,
e lá nos céus foste eleita
a Pureza consagrada,
porque à Terra foi fadada
o desejo da maldade,
e cá ‘stamos nessa Idade.

Vives por entre as estrelas,
pois em mundo sem postura
é sorte ver gente pura
(quem dirá tornar a vê-las!);
as virgens são todas belas!
Astreia, vem sem maldade,
retirar-nos dessa Idade!



a este mote alheio:
Atirei o pau no gato,
mas o gato não morreu...
Ai!... que berro o gato deu!

VOLTAS
O gato estava achegado
debaixo da saia dela;
me viu! Pulou a janela
qual gato atemorizado!
Mas tendo ao canil pulado,
veio um cão e lho mordeu,
mas o gato não morreu...

Para a moça impressionar,
lá me fui salvar o gato...
Meti-me num grande mato
para um galho lá quebrar;
atirei o pau no ar,
mas no gato é que bateu!
Ai!... que berro o gato deu!

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