terça-feira, 8 de dezembro de 2020

O barbeiro de Sevilha, Ato 1: Se o meu nome desejas saber (Ária)

Il barbiere di Siviglia, Atto Primo.
Aria (Canzone): Se il mio nome saper voi bramate
 
Se il mio nome saper voi bramate,
dal mio labbro il mio nome ascoltate.
Io son Lindoro
che fido v’adoro,
che sposa vi bramo,
che a nome vi chiamo,
di voi sempre parlando così,
dall’aurora al tramonto del dì.
 
L’amoroso e sincero Lindoro
non puo’ darvi, mia cara, un tesoro.
Ricco non sono,
ma un core vi dono,
un’anima amante
che fida e costante
per voi sola sospira così
dall’aurora al tramonto del dì.


Tradução minha:

O barbeiro de Sevilha, Ato Primeiro.
Ária: Se o meu nome desejas saber

Se o meu nome desejas saber,
dos meus lábios me escute dizer.
Eu sou Lindoro
que firme te adoro,
que esposa te quero,
teu nome eu espero,
de ti sempre falando ao acaso,
da aurora ao começo do ocaso.

O amoroso e sincero Lindoro
não dará, meu docinho, um tesouro.
Rico não sou,
mas o amor te dou,
umalma de amante
que, firme e constante,
por ti só eu suspiro; no caso,
da aurora ao começo do ocaso.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Cancioneiro, I

O poema abaixo é o primeiro soneto do Cancioneiro, de Petrarca. Minha tradução, mais abaixo, não ficou muito distante da de José Clemente Pozenato, quem traduziu a obra completa (publicado pela Ateliê Editorial numa edição primorosa que inclui as ilustrações de Enio Squeff).


I

Voi ch'ascoltate in rime sparse il suono
di quei sospiri ond'io nudriva 'l core
in sul mio primo giovenile errore
quand'era in parte altr'uom da quel ch'i' sono

del vario stile in ch'io piango e ragiono
fra le vane speranze e 'l van dolore,
ove sia chi per prova intenda amore,
spero trovar pietà, non che perdono.

Ma ben veggio or sí come al popol tutto
favola fui gran tempo, onde sovente
di me medesmo meco mi vergogno:

e del mio vaneggiar vergogna è 'l frutto,
e 'l pentersi, e 'l conoscer chiaramente
che quanto piace al mondo è breve sogno.

I

Vós que escutais o som que esparso rimo
co'os suspiros com que a alma me nutria,
erro que a juventude assaz premia,
outrora eu era outro, ora sublimo,

eu, que em estilo vário choro e exprimo
na vazia esperança e na agonia
de convencer quem por amor ardia,
se não a perdoar-me, o dó estimo.

É bem verdade que do vulgo arguto
fui muito tempo assunto, fartamente,
de modo que de mim eu me envergonho:

e do meu divagar vergonha é o fruto,
e o arrepender-me, e o ver mui claramente
que quanto apraz ao mundo é breve sonho.

A Trágica História de Doutor Fausto, Prólogo, vv.1-7

 The Tragical History of Doctor Faustus

Prologue
Enter Chorus.

CHORUS
Not marching now in fields of Trasimene
Where Mars did mate the Carthaginians,
Nor sporting in the dalliance of love,
In courts of kings where state is overturned,
Nor in the pomp of proud audacious deeds,
Intends our Muse to vaunt her heavenly verse.
Only this, gentleman: we must perform,
[...]


A Trágica História do Doutor Fausto

Prólogo
Entra o Coro.

CORO
Do entorno em Trasimeno não há marchas
(Lá, Marte, aos de Cartago deu vitória);
Tampouco os jogos lúdicos do amor
Nas cortes de tiranos impotentes;
Tampouco a pompa de orgulhosa argúcia;
A Musa quer dar voz a um novo intento.
Somente, meus senhores, mostraremos:
[...]