quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Empatia: implicações filosóficas

A empatia é a capacidade que alguns indivíduos—nomeadamente, diversos mamíferos e também aves (de Waal, 2008)—têm de se contagiarem motora e emocionalmente com os outros. Exemplos corriqueiros desses tipos de contágio ocorrem quando outras pessoas bocejam ou sorriem para nós.

Esta definição implica, a meu ver, dois aspectos filosoficamente salientes da empatia. O primeiro destes aspectos é relativo à teoria das emoções em filosofia da mente. O segundo deles é relativo ao desafio cético de provar a existência de “outras mentes”. Explico.

UM CONSTRANGIMENTO ESPECIAL À TEORIA DAS EMOÇÕES

Uma vez que se acumulam evidências de que muitos animais têm a capacidade de se contagiarem motora e emocionalmente com os outros, pressupõe-se que emoções são atribuíveis também aos animais empáticos. Isto implica um constrangimento importante para qualquer teoria das emoções em filosofia da mente, pois uma boa teoria das emoções precisa ser capaz de explicar de que modo os animais empáticos têm emoções, ou ao menos permitir que algumas emoções sejam atribuíveis aos animais empáticos.

O DESAFIO CÉTICO É SUPÉRFLUO

A crença banal e ordinária de que existem outras pessoas além de mim é desafiada pelo cético, que propõe que provemos a existência dessas outras pessoas. Uma possível saída ao desafio cético diria que, embora o contágio motor e emocional com os outros não seja uma prova da existência de outras pessoas, ele é suficientemente relevante para nos garantir a existência dessas outras pessoas. Deste modo, a própria exigência de uma prova da existência de outras pessoas seria supérflua e, portanto, o desafio cético se torna supérfluo.

REFERÊNCIA

DE WAAL, F. “Putting the Altruism Back into Altruism: The Evolution of Empathy”. Annual Review of Psychology, 59, (2008): 279-300.

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