Tendo postado anteriormente sobre vilancetes e mostrado três vilancetes camonianos e um vilancete meu, postarei agora três vilancetes meus [todos são em redondilha maior (7 sílabas poéticas)]:
O bardo pede à Têmis, deusa da justiça, que dê ao mundo aquilo que ela representa. A Temperança é a única virtude que ainda existe no desconcerto do mundo, mas só ela não basta para pôr fim às injustiças, e para isso a Justiça deve intervir.
a este moto meu:
No desconcerto do mundo
resta ainda uma esperança
que não é a Temperança
Voltas
Perdi a minha certeza
por conselho da Mentira
que, tirando a minha lira,
perdia o mundo a beleza.
Amor só traz mais tristeza.
E assim, cantando a mudança,
mo fugia a Temperança.
Foi-A entregue a minha sorte,
para todo o meu espanto,
pois de tom mudava o canto,
sem que a Virtude conforte.
Vem a Esperança co a Morte,
desce ao mundo uma esperança:
Têmis, vinga a Temperança!
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a este moto retirado das Rimas de Camões: (este mote foi retirado das Rimas da Luís de Camões, mas as voltas são minhas, de minha interpretação do mote)
Vejo-a n'alma pintada
quando ma pede o desejo
o natural que não vejo.
Voltas
O gozo chega em boa hora
e penso-a como pura,
retenho-a em formosura;
ó, como infeliz eu fora!
Foste delicada outrora,
e eu me guiei no desejo
daquilo que há anos nem vejo.
Não tive a tua firmeza,
mas sei que por mim choraste.
Assim, meus anos calaste.
De ti partiu a pureza,
e em nós teve o que despreza:
em mim, o mesmo desejo
e na escuridão me vejo.
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a este moto meu: O bardo pede à deusa Têmis que lhe responda:
"Vives pesando argumentos,
pesa este mais na balança:
'enquanto há vida, há 'sperança.'"
Volta: resposta da deusa Têmis:
"Este verso tem a estima
de que esperança é ter vida:
que será dela partida,
se a vida assim se não rima?
Pois a esperança é que anima:
sem ela não há mudança.
Digo, pois, 'se há vida, há esp'rança!'"
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