domingo, 26 de maio de 2013

Soneto 5

Enquanto tive amor minha alma teve
outra alma para amar e ser amada.
Que tens, Amor, p'ra dar, se grã-espada
cortou o amor que tive, raro e breve?

Não vejo teu semblante, cor da neve;
nem toco tua pele orvalhada.
Olhai como que a vida a mim traz nada,
e a vós Fortuna e Glória ela deve.

Eu temo mais vencer a ser vencido
por uma causa nobre que destoa
um rei que arma e coroa tem vestido.

Mas triste é fim de toda gente boa,
pois todo aquele ser por loa erguido
por belo vem a ter só a coroa.

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